“Quem me serve precisa
seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará.” [João 12.26]
Já não é de hoje que temos
ouvido a respeito de um outro evangelho. Recentemente ouvi um pastor dizendo
que “existem cristãos que complicam o caminho, complicam o cristianismo...
Fazem da ideia de seguir a Jesus algo difícil para pessoas. O caminho é um
caminho vitorioso, de benção...” etc.
Ouvi outro jovem dizendo
que “somos mais que vencedores neste mundo, nós reinamos aqui com Cristo...portanto
um cristão doente ou com sofrimento é um cristão derrotado pelo diabo...” etc.
Precisamos primeiro deixar
claro que se tornar um discípulo de Jesus Cristo realmente não nos custa nada,
custou a Cristo! Ele que pagou o preço com sua vida! Não há nada em mim ou em
você meritório para receber dessa graça. É dEle, por Ele e para Ele (Rm 11.36).
Ser filho de Deus é um “direito” que Deus nos deu (Jo 1.12).
Seguir a Jesus é outra
história, vai nos custar tudo. Vai custar a nossa própria vida. A porta é estreita
e o caminhoapertado! Para eu caminhar nesse caminho e entrar nessa porta,
preciso deixar tudo (inclusive eu mesmo) do lado de fora.
Portanto, sermos feitos
discípulos, filhos de Deus, não nos custa. Seguir o caminho do discipulado, nos
custa tudo, pois é o caminho do martírio. Não podemos nunca confundir essas
duas coisas.
Nossa pregação deveria ser
baseada em primeiro lugar na obra sacrificial de Cristo para conosco. Devemos
chocar pecadores com essa graça salvífica do nosso Senhor. Devemos expor o
pecado e sua doença mas também demonstrar a cura, um “novo e vivo caminho”(Hb
10.20), aliás o único caminho – Jesus Cristo (Jo 14.6). Sim, este é o
evangelho. Mas também devemos expor o custo dessa nova caminhada com Cristo,
pois foi isso exatamente que Jesus fez com a multidão que decidiu um dia
segui-lo: “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se
assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completa-la?
... Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não
pode ser meu discípulo” (Lucas 14.25-33).
Na passagem acima, Jesus
deixa bem claro para nós que quem o serve precisa segui-lo.
A pergunta é: Segui-lo
para onde? Para a cruz! É exatamente nesse contexto de morte e cruz que Jesus disse
essa afirmação (Jo 12.23-26). É um caminho de dor, sofrimento, perda,
autonegação. Quem serve a Jesus precisa segui-lo nesse caminho! Um caminho onde
amar a Deus está acima de amar a si. Um caminho onde cantamos como o salmista:
“O teu amor é melhor do que a vida!” (Sl 63.3).
Mas não devemos confundir
dor e sofrimento com falta de alegria. É exatamente nesse martírio onde
experimentamos de uma alegria indizível!Não há nada melhor do ser livre de si
mesmo, de seu pecado, do amor ou mundo e de ter o seu deleite no Senhor!
Portanto mesmo no caminho apertado e sofrido, somos extremamente felizes!
Precisamos voltar com o
cristianismo de Bonhoeffer que ao olhar para a sua forca, disse: “Agora é que a
vida começa!”
Precisamos voltar com o
cristianismo de Policarpo que antes de ser queimado vivo, diz: “Vivi 86 anos
servindo-lhe, e nenhum mal me fez. Como poderia eu maldizer o meu rei, que me
salvou?”
Precisamos voltar ao
cristianismo pregado por Pedro que ao escrever para igrejas perseguidas pelo
império romano ensinava-as a “exultarem” na graça de Jesus Cristo para com
eles, dando-lhes uma nova vida, e não uma vida sem sofrimento (1 Pe 1.3-6).
Precisamos lembrar das
palavras do apóstolo João: “Se fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da
vida.” (Ap 2.10). Precisamos ansiar por uma coroa incorruptível e não prata e
ouro desse mundo.
Precisamos lembrar da
carta de Paulo à Timóteo dizendo que “todos os que desejam viver piedosamente
em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). Caracteriza-se essa perseguição
de diversas formas, física, moral, intelectual etc.
Por fim, lembre-se das
palavras do próprio Jesus: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e
tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). A cruz é diária! É a cruz do
caminho!
Tomar a cruz diariamente é
todos os dias tomar decisões que honram a Cristo e não a si próprio, mesmo que
sejam loucura para o mundo. Decisões que vão influenciar seus relacionamentos,
família, trabalho, estudo, moradia, conforto etc.
Talvez alguém pergunte: Qual
a recompensa disso? Para que viver dessa maneira? Que fim esse caminho levará?
A recompensa é o próprio
Cristo! Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também
estará. Vivemos dessa maneira pois é o único caminho que nos leva a Ele. Essa é
a maior de todas as recompensas. Ele é a própria vida! Ele é quem nos inicia
nEle e Ele é o nosso fim! Nosso destino! Ele é o caminho e o fim do caminho!
Examine-se a si mesmo, e
siga o caminho do seu Senhor.
Amém!
Thiago Guerra
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